Curta-metragem revive episódio marcante e decisivo para a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial
Gravado em Estância, filme resgata o papel da cidade no conflito e destaca o Hospital Amparo de Maria no socorro às vítimas dos ataques nazistas.

Durante dois dias, Estância voltou no tempo. Ruas, praias e prédios históricos se transformaram em cenário vivo de uma história pouco contada, mas fundamental para a memória nacional. Nos dias 5 e 6 de abril, foram realizadas as filmagens do curta-metragem documental “Amparo de Maria na Segunda Guerra Mundial”, com roteiro e direção da estanciana Cacilda de Jesus, direção de fotografia de Marcelo Lino e produção executiva de Wendell Carvalho.
FOTO: Siqueira Neto
O projeto foi premiado no Edital de Chamamento Público nº 002/2024 – Rasiel Calazans, realizado pela Prefeitura de Estância com recursos da Lei Complementar nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo).
O filme foi rodado na Praia do Saco, nos bairros Porto D’Areia, Santa Cruz e no próprio Hospital Amparo de Maria. O curta pretende reviver um episódio marcante da Segunda Guerra Mundial no Brasil: o torpedeamento de navios brasileiros pelo submarino alemão U-507, em agosto de 1942. Entre eles, o Baependi, atacado no litoral sergipano. Muitos sobreviventes chegaram às praias de Estância, especialmente na Praia do Saco, em busca de socorro — e encontraram abrigo no Hospital Amparo de Maria, fundado em 1867.
Foto: Siqueira Neto
O curta reconstitui esses momentos com sensibilidade e fidelidade, contando com a participação de atores e atrizes estancianos, que deram vida aos personagens reais desse episódio esquecido. As cenas gravadas nas praias capturam o drama da chegada dos sobreviventes, enquanto as imagens no hospital reforçam o papel decisivo da unidade de saúde na resposta humanitária.
Foto: Siqueira Neto
Estância na linha de frente da História
O torpedeamento de cinco navios na costa de Sergipe e da Bahia foi o estopim para que o Brasil declarasse guerra à Alemanha. A cidade de Estância, ao receber náufragos e prestar os primeiros socorros, foi diretamente impactada pelos efeitos do conflito global — sendo, portanto, palco de um dos episódios que selaram a entrada brasileira na Segunda Guerra.
Foto: Siqueira Neto
“O filme, em sua narrativa, tem como proposta rememorar um evento sangrento, que ceifou a vida de mais de 600 brasileiros. Os torpedeamentos representam um fato histórico importante para a memória nacional, ainda pouco conhecido pela maioria da população brasileira. Nosso curta-metragem é um tributo à coragem e à solidariedade do povo estanciano. O Hospital Amparo de Maria é, nesse contexto, um símbolo de acolhimento e resistência. Não podemos esquecer nomes como o do Dr. Jessé Fontes, Dr. Clóvis Franco, Dr. Pedro Soares, das enfermeiras e irmãs de caridade que atenderam os náufragos naquele momento difícil. Estância precisa se apropriar dessa história”, afirma a diretora Cacilda de Jesus.
Foto: Siqueira Neto
A produção mescla linguagens documentais e dramáticas para dar vida ao episódio. As locações foram cuidadosamente escolhidas por seu valor histórico e simbólico. A presença do mar em muitas cenas representa a chegada da guerra ao Brasil — uma guerra distante que encontrou nas águas de Estância o seu primeiro eco. Já as ruas de calçamento antigo, a arquitetura colonial e o Hospital Amparo são molduras perfeitas para essa reconstituição.
O filme será lançado em 2025, com previsão de exibição em festivais, escolas e espaços culturais, como parte de um projeto maior de educação patrimonial.
Mais do que um registro cinematográfico, “Amparo de Maria na Segunda Guerra Mundial” é um gesto de reparação histórica. É a prova de que Estância não apenas assistiu à História — ela fez parte dela.
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